Doença: Bexiga Hiperativa

BEXIGA HIPERATIVA

 

A bexiga hiperativa definida como a presença de urgência miccional associada ou não à incontinência urinária de urgência, geralmente acompanhada pela polaciúria e noctúria (necessidade de urinar várias vezes durante o dia e a noite). Estes sintomas devem ocorrer na ausência de fatores patológicos (infecção, câncer, cálculos). Sua prevalência ocorre aproximadamente em 18% na população acima de 18 anos, representada aproximadamente por 15% dos homens e 21% das mulheres. O diagnóstico é clínico, sendo os exames complementares utilizados em situações específicas. Ressalta-se que entre 30-50% dos pacientes com urgência miccional apresentam hiperatividade ao estudo urodinâmico (o melhor exame para o diagnóstico) no entanto, muitos pacientes ao fazerem o exame não apresentam as alterações naquele momento.

A bexiga hiperativa tem impacto negativo na qualidade de vida e na saúde dos seus portadores, principalmente quando estes apresentam incontinência urinária. Devido ao caráter crônico da patologia, um dos objetivos do tratamento é reduzir os custos com saúde em longo prazo e aumentar a satisfação e a qualidade de vida dos pacientes.

O tratamento envolve as terapias comportamentais que são atualmente recomendadas como a primeira linha de tratamento, juntamente com medicações orais. Modificações comportamentais incluem treinamento vesical (envolve um regime de micções sistemáticas, em que os intervalos entre as micções vão aumentando progressivamente de 15 a 30 minutos, conforme a tolerância, baseadas no diário miccional), restrição do consumo de álcool, cafeína e bebidas gaseificadas, restrição cuidadosa da ingestão hídrica, controle da obesidade e parar de fumar. Estas intervenções apresentam baixo custo e são fáceis de implementação, no entanto, a efetividade delas dependem da motivação do paciente.

As medicações anticolinérgicas representam o principal tratamento da bexiga hiperativa. As mediações aprovadas mais utilizadas para o uso no Brasil são a oxibutinina, tolterodina, darifenacina e a solifenacina. Todas têm eficácia semelhante no tratamento dos sintomas de doença, porém, diferem no perfil de efeitos adversos. Até 40% dos pacientes descontinuam o tratamento com anticolinérgicos por causa dos seus efeitos adversos.

A oxibutinina apresenta maior incidência de efeitos adversos devido a sua afinidade a todos os receptores muscarínicos (M1, M2 e M3), os principais efeitos relatados são boca seca, constipação e diminuição da cognição. A tolterodina apresenta maior afinidade pelos receptores M2 e menor afinidade pelos receptores das glândulas salivares, o que lhe confere melhor tolerabilidade em relação à oxibutinina. A darifenacina é um anticolinérgico seletivo dos receptores M3, reduzindo os efeitos cardíacos e no sistema nervoso central (seletividade e baixa penetração através da barreira hematoencefálica). A solifenacina atua especificamente nos receptores M2 e M3. Desta forma, a escolha da droga deve considerar a faixa etária do paciente, suas co-morbidades e uso de medicações concomitantes e custo das medicações.

Evidência recente suporta o uso de estrogênio vaginal , naquelas mulheres com alterações do trofismo genital. Essa medicação poderá ser utilizado em associação com anticolinérgicos para controle dos sintomas de bexiga hiperativa. Existem pacientes com doença refrataria a esses tratamentos, nesta casos há outras opçôes de tratamentos mais invasivos como eletroestimulaçâo e uso de toxina botulínica de acordo com a gravidade e resposta ao tratamento.

 

Fonte: Manual da Sociedade Brasileira de Urologia

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